sábado, 28 de abril de 2012

Gênero: dois pontos de vista


Ontem (27.04.2012) na Folha de São Paulo foi publicado um artigo do Ruy Castro: Presidenta por decreto.
Artigo muito interessante alertando para o texto do “decreto-lei recém-publicado no "Diário Oficial da União":
A Presidenta da República faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1º. As instituições de ensino públicas e privadas expedirão diplomas e certificados com a flexão de gênero correspondente ao sexo da pessoa diplomada, ao designar a profissão e o grau obtido.
[...]
Art. 3º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 3 de abril de 2012.
Em sua análise ele, muito sabiamente, conclui que:
“Tal lei serve apenas à teimosa vontade da presidente Dilma de ser chamada de presidenta, na ilusão de, com isso, estar valorizando as mulheres.”
Este foi um assunto muito recorrente nesta semana entre os jornalistas porque é deles que recebemos as notícias e são eles que têm a deliciosa liberdade de expressar o que pensam.
A crítica de todos foi no mesmo sentido. Que diferença faz chamar alguém de motoristo ou motorista, jornalisto ou jornalista?
Penso que esta lei nem precisaria ser publicada, pois o artigo 5º, inciso I, da Constituição Federal brasileira determina que:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
[...]
Concluo que, na prática, só mais uma regra para a língua portuguesa que em nada vai modificar a forma com que sociedade age ou sente em relação à tão almejada igualdade entre os sexos. Mais uma lei para termos que cumprir...
Fico pensando que essa questão de gênero na profissão em nada minimiza os dilemas da mulher do século XXI, às suas cobranças pessoais, às cobranças da sociedade...
Pra que então?
Sábio Ruy Castro: para satisfazer um capricho de uma mulher.
Ah, as mulheres e sua necessidade de chamar a atenção, de manter a autoestima em bom grau, de se posicionar e se colocar de maneira igual...
Não somos iguais. Somos mulheres!!
Curiosamente, hoje (28.04.2012) lendo a Folha de São Paulo (como faço todos os dias em meu ritual matinal) leio a seguinte notícia: “Por igualdade de sexos, Suécia debate criação de gênero neutro”, de Diogo Bercito.
Os professores suecos perceberam que tratavam meninos e meninas de maneira diferente. Ficaram incomodados e decidiram testar o uso do gênero neutro no tratamento das crianças na escola. Segundo eles o gênero neutro ‘hen’ nada tem a ver com o sexo da criança, apenas com a possibilidade de qualquer criança participar de qualquer tipo de atividade: meninas do futebol e meninos das aulas de biscuit.
Pra que? Por que esta necessidade?
Para os suecos uma questão de democracia.

Mas não satisfeita comparei as duas situações: Brasil e Suécia.

Brasil: definição expressa em lei da distinção entre os gêneros.
(América do Sul, presidencialismo, clima tropical, megadiverso, muita miscigenação de raças e cores, com área de 8.547.403 km², PIB: US$ 2,09 trilhões. Foi aqui que aconteceu a RIO 92 e que vai acontecer a RIO + 20.)

Suécia: abolição do gênero e criação do gênero neutro.
(Europa, Escandinávia,monarquia parlamentarista, clima temperado frio, acabou com sua biodiversidade, pouca miscigenação de raça e cores, com área 450 295 km², PIB: US$ 458,97 bilhões. Foi aqui que aconteceu a Conferência de Estocolmo (a primeira conferência internacional sobre meio ambiente).)

Países tão distintos, com suas particularidades e com um incômodo em comum: o gênero.
Fico me perguntando: será que é para tanto?

São Paulo, sábado lusco-fusco, 28.04.2012.
J.



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