quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sobre a sabedoria...

O período de reclusão para escrever uma tese de doutorado é bem interessante.

Eu poderia até dizer difícil, solitário, entediante, estressante, cansativo, divertido, animador, apaixonante... mas interessante é a palavra que cai melhor hoje.

Interessante pensar que a pessoa tem muito tempo para se dedicar a alguma coisa e às vezes, na maioria das vezes, não consegue enxergar isso como uma coisa boa.

Interessante porque a pessoa pode ficar sofrendo por está sozinha, entediada, cansada, mas ainda assim tem a possibilidade de se dedicar a uma coisa só.

Interessante porque a pessoa pode estar completamente apaixonada pelo seu tema, animada com as perspectivas e se divertindo com a possibilidade de se dedicar a uma coisa só.

Essa variação de pensamentos faz parte do processo de doutorado. Creio eu.

Dizem que o neste processo as pessoas se tornam mais sábias. Acumulam conhecimento. Desenvolvem seu intelecto e finalizada esta fase tornam-se ‘doutoras’. E com esse título estão aptas para desbravar novos mundos... novos horizontes...

Lindo tudo isso, não é? Mas durante meses sofri com esse processo.

Bobagem! Tudo bobagem!

Acordei esta noite com um aperto no peito. 4:30 da madrugada. Acordei. Aparentemente estava tudo bem...

Ao telefonar para a casa de minha avó fiquei sabendo que ela, uma das pessoas mais importantes em minha vida, uma das mulheres que mais amo neste mundo, tinha ido novamente para o hospital com dores abdominais.

Digo novamente, porque segundo ela mesma com sua voz fraquinha me disse:

- “Não sei o que está acontecendo. É a quarta vez que vou parar no hospital.”

Meu estômago se contraiu e meu coração palpitou...

Olhei para meu computador, para meus livros, para minha tese, para minha ‘solidão’ e pensei:

-“Sofrer por isso? Que bobagem.”

Demorei, mas entendi o que Rubem Alves quis dizer com: ‘a sabedoria é saber sofrer pelas razões certas’.

J.
São Paulo, 08/12/2011.
Faz sol no dia em que a Av. Paulista completa 120 anos.

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