segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sobre o que os amigos escrevem...









Sobre princesas, rosas, muros e pontes

Ontem me bateu uma inspiração – de extrema petulância, mas profunda admiração por um ser pensante maravilhoso que nunca vi, mas amei desde que li pela primeira vez, Rubem Alves – e resolvi escrever, logo após ter conversado rapidamente com uma grande amiga sobre pontes e muros, sobre união e isolamento, sobre princesas e rosas.
Fiquei pensando que apesar de serem coisas tão distintas entre si, acabam por fazer parte de um mesmo liame e estão tão profundamente unidas que acabar com uma delas implica, quase faltamente, em acabar com a outra.
A grande questão da conversa foi tentarmos descobrir, entre vários argumentos, se na tentativa de viver a plenitude do nosso EU, aquele mesmo que tem jeitão de egoísta e faz de tudo para se satisfazer, acabamos por construir um muro enorme e intransponível, atrás do qual ficamos isolados em nosso mundinho cor de rosa.
Ah, sim, a rosa exuperyana fazia parte do contexto, pela capacidade natural (e sem pretensão... ah, que rosa frágil e medrosa) de provocar uma torrente de emoções maravilhosas, ao mesmo tempo em que pode provocar outras, quase perversas.
O muro cerca, é fato, mas não necessariamente isola o que está dentro do que está fora. É uma proteção, tanto quanto as grades das janelas das casas e edifícios, mesmo que nos façam solidários na dúvida de Marcelo Yuka, sobre se não somos nós que estamos na prisão. Contudo, nunca ouvi dizer que um muro fora construído para proteger uma rosa, e sim as princesas, que podem até ser encarceradas no alto de uma torre para que fiquem mais distantes do perigo, ou do seu salvador.
O ponto seguinte, foi brincar de construir um muro em pé, com a possibilidade de ser deitado e poder-ser (a eterna brincadeira semântica entre o ser e o poder-ser), muro e ponte, ao mesmo tempo.
Nos despedimos e como a dúvida persistiu, pensei, pensei, e no final das contas descobri que somente um pedaço do muro pode ser ponte, porque nunca conheci um muro sequer que não possuísse ao menos um portão e aí estava a solução do problema.
Grande ou pequena a passagem sempre seria capaz de deixar entrar e sair quem quiséssemos e cheguei à conclusão que mesmo que o muro não queira deitar-se e converter-se em ponte é tão lindo quanto um poço no deserto... ou uma estrela distante que possui um principezinho risonho... porque por mais alto que seja, possui um portão por onde, certamente, poderemos ouvir ao menos o som de uma risada ou o pedido de uma voz dizendo: desenha-me um carneiro?
Assim, princesa ou rosa, questão ainda por resolver, deixe o portão aberto, mas se houver necessidade de um ‘certo controle’, não é nada que uma chave não resolva!

Carlos Gideon Portes
SP, 24/05/2011

Sobre previsões...



Las cartas nunca mienten ...




Em 2004, Rita foi pela primeira vez em uma “vidente” indicada por um amigo.

Seu amigo dizia que ela era incrível e que sempre o aconselhava em decisões importantes.

Lá foi ela... marcou hora, tirou o dinheiro, pegou o metro e chegou.

Ela atendeu no horário.

Uma mulher elegante, num escritório muito bem organizado e com um astral bem bacana. Além da leitura das cartas, a advogada aposentada, era também astróloga.

- “Que mulher interessante!”, pensou Rita.

E começaram.

-“Corte as cartas em três montes para o seu lado”, disse ela.

E assim foi. Abre uma carta, abre outra...

-“ E agora, quer perguntar algo específico?”, perguntou a senhora.

-“Sim, quero saber sobre minha família. Posso?”, perguntou ela.

E ela começou a contar algumas coisas... falou de seus pais, avós, irmãos...

-“Você tem uma irmã mais nova que está namorando um moço, mas você pode ficar tranqüila que é passageiro. Essa sua irmã vai casar com um estrangeiro e morar fora do país”, disse ela.

Diana, a irmã mais nova de Rita, estava de viagem marcada para Europa, onde passaria um ano num programa de intercâmbio.

Claro que como uma boa irmã mais velha tratou de contar logo a Diana o que a “vidente” havia me dito.

E lá foi ela...

Muita coisa aconteceu naquele ano e quando Rita chegou para visitar Diana, em 2005, ela estava namorando um argentino lindo, a cara dela.

Seus olhinhos brilhavam... ela voltou e ele também. A despedida foi sofrida...

Mas eles decidiram que tentariam continuar o namoro e tentaram... e foram e voltaram. Encontraram-se no Brasil, na Argentina e no Uruguai...

E Rita continuou se consultando com a sua querida vidente... e sempre que perguntava sobre sua irmã mais nova, ela dizia:

-“Ela vai morar fora do país.”

Encontros e desencontros e nos quatro anos que sucederam sua primeira visita à vidente, as cartas diziam sempre a mesma coisa.

Cartinhas insistentes, não?!

Quando os dois já tinham desistido de tentar... Resolveram tentar para valer...

Em novembro de 2009 que eles se reencontraram depois de um ano e meio separados (fisicamente, claro!) e...

-“Você quer casar comigo?”, ele perguntou

O coração de Diana disparou e ela ficou vermelha... Aceitou, claro!!!

Abril de 2010, beijos, abraços e lágrimas... Diana estava de mudança para a Argentina. Pronta para começar uma vida nova ao lado de seu amado.

Diana foi atrás de seu “casamento real”, como ela bem escreveu outro dia.

Hoje, o conto de fadas teve mais um capítulo feliz: eles vão morar em Buenos Aires!!!

Buenos Aires: a cidade que amamos. Que vai deixá-los mais perto das famílias.

E aí, ainda duvida das cartas???


J
SP, 12/05/2011 (noite fria e feliz em São Paulo)

Sobre nossos sonhos de infância...





O quartinho de jóias...


Bárbara foi um bebê chorão, uma criança alegre e uma jovem muito sedutora...

Ela sonhava com as boas coisas da vida e gostava de roupas caras, sapatos, bolsas, maquiagem e jóias.

Ela dizia para suas irmãs e seu irmão que um dia teria um quartinho de jóias.

As irmãs aproveitavam para imaginar como seria o quartinho de jóias de Bárbara. Quantas gavetinhas, quantos espelhos e quais jóias ela teria... e quem seria o príncipe que daria tudo aquilo para ela...

O irmão, no melhor de seu bom humor, ria dela e, claro, aproveitava para imaginar o que ganharia com aquilo... afinal, se ela teria um quartinho de jóias, o que ele teria???

Os anos passaram...

Bárbara tornou-se uma mulher bela, madura, segura, forte, continuou alegre e sedutora.

Sua vida seguiu o rumo natural e esperado: formou-se, casou-se e teve uma filha, construiu sua casa e espera seu segundo filho...

Tudo como manda o figurino.

Ah, e o quartinho de jóias?

Bárbara sempre disse que queria um quartinho de jóias, o que ela não imaginava é que na sua casa “chiquérrima” dois quartinhos com duas jóias...


J
SP, 12/05/2011(belo entardecer, 18:00)